quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Sociedade Descartável



O Rapadura está realmente conceituado (pelo menos entre os amigos!) 
Todo mundo querendo publicar aqui! =)  Fico feliz! 
O  cronista convidado da vez é um cara que eu jamais pensei que fosse escrever no meu blog (na verdade achava que ele nem lia o que eu escrevia!) !
Ele não é dado a aparições - este era o meu papel! - mas é sensível, gente boníssima e (surpresa!) escreve bem!  
Senhoras e senhores, meu ilustríssimo ex marido,  Duda Furtado!



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Semana passada, conversávamos com um casal muito amoroso e casados há pelo menos 50 anos, quando não resisti e fiz aquela clássica pergunta: como é que vocês conseguiram ficar tanto tempo juntos e ainda com esse carinho e cumplicidade?
 Confesso que já esperava uma resposta clichê, mas qual não foi minha surpresa quando o senhor muito serenamente me respondeu:
- Meu filho, sou de um tempo onde tudo que se quebrava ou dava defeito era consertado. Hoje em dia tudo é descartável.

Ficamos alguns segundos em silêncio, como se ainda estivéssemos processando aquela resposta antes do papo voltar para as velhas amenidades. Porém, aquela frase ficou na minha cabeça como se aquilo fosse a resposta para algumas dúvidas e aflições, não só sobre minha vida amorosa nos últimos anos, mas também de amigos que já choraram e ainda choram nos meus ombros de vez em sempre!
Claro que isso não explica tudo, mas me fez pensar de como essa cultura do “descartável” pode estar nos afetando também em nossos relacionamentos. 
Me responda quantos aparelhos de microondas você já mandou para o conserto? Seu DVD? Liquidificador? Ar condicionado? 
Hoje em dia todos nós temos preguiça de levar essas coisas para uma loja, pagar o vaga certa(ou levar uma multa), pegar um orçamento, voltar no outro dia para aprová-lo, ficar com medo de estar sendo enganado, voltar dias depois para pegar o aparelho pronto e ainda ter o receio de depois de tudo isso ele quebrar no dia seguinte! 
Seja sincero, muito mais fácil ir até o Ricardo eletro e voltar pra casa com um aparelho zerado, com garantia, modelo mais novo e com a promessa de funcionar perfeitamente por alguns anos e ainda pagando em suaves prestações! 
Perfeito não é? Nem tem o que pensar, corre pro Ricardo e se livra da tranqueira velha. Dá até para aproveitar a situação e fazer uma boa ação dando para o seu porteiro camarada o troço quebrado.
Mas será que não estamos fazendo inconscientemente a mesma coisa com nossos parceiros? Será que essa política do descartável não nos invadiu por inteiro? 
Estamos na era da praticidade, ninguém quer perder 1 segundo na vida. Eu penso que todos estão começando a pensar uma vida a dois mais pelo lado prático do que com o lado amoroso. Posso estar enganado e tomara que esteja.
Levar um relacionamento longo exige trabalho, paciência, dedicação e tudo mais que estamos carecas de ouvir. O problema será que quando começar a dar defeito, ao invés de ter todo aquele trabalho de procurar consertar o problema, será que não estaríamos correndo direto para o Ricardo para ver qual a promoção da vez?
Penso que estamos tendo a tendência de descartar nossos amores numa velocidade crescente. 
Assim como na vitrine do Ricardo, tem muita gente sozinha a procura de uma coisa séria. Prático não? O problema também é saber qual deles é feito na China e qual vale realmente a pena. Qual vai cumprir exatamente o que diz o manual que mais parece um livro? E todos aqueles botões novos?
- Caraca, vou demorar um tempão até aprender a mexer nesse “brinquedinho“ novo!
- Droga! Tão novo e já deu problema?
Daí você pode se pegar pensando se não teria sido melhor consertar o bom e velho aparelho. Aquele que você já dominava o “modus operandi”,  e que provavelmente não foi feito na China.
Entendo também que existam casos em que não tem mais jeito. No jargão popular: deu PT! (perda total) Aí num tem mais o que fazer, troca mesmo e parte logo para um modelo 2013!
Acho que na verdade o segredo está justamente aí - o famoso equilíbrio! 
Acho que temos que procurar mais colocar tudo na balança para só então tomarmos a decisão do que realmente vale a pena:  irmos ao Ricardo ou gastar um tempo e com um pouquinho mais de paciência consertar o nosso “caidinho”?
Nesse caso você pode até tirar uma onda de parceiro Vintage!

4 comentários:

  1. Concordo que tudo hj está muito descartável, mas realmente nem sempre vale a pena reciclar!
    As vezes emenda pode sair pior que o soneto! ;)

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  2. ex-marido foi muito bom! só rindo... kkkkkkk

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  3. Adorei o texto!!! Acho que o equilibrio eh o ponto... E como eh dificil, ne? Bom, cada caso eh um caso... O importante e o que tenho procurado praticar eh ir ate o fim... Ate nao ter mais jeito ou conserto, como preferirem. Depois me sinto leve pra recomecar com o usado consertado e FUNCIONANDO ou comprando um novo...! Esgotando, me sinto mais gorte e segura pra seguir e frente! Paranens, colunista! E Taninha querida, Eu leio seu blog, viu? E adorooo! Bjao

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